quarta-feira, 4 de maio de 2011

GOZO E DOR

 Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche oo teu amor?
-não, ai, não! Falta-me a vida,
Secumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.

Doi-me a alma, sim, e a tristeza
Vaga, inerte, e sem motivo,
No coraçao me poisou.
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.

É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coraçao.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida ou a razao.
Almeida Garrett, “Poemas de amor – Ines Pedrosa”

1 comentário:

  1. O escritor Almeida Garrett neste poema tenta mostrar-nos um pouco a contradiçao que o amor provoca na alma do enamorado. Sente uma certa e indefinida tristeza no seu coraçao, o poeta confessa que tao determinante tristeza se apoderou do seu coraçao e "diz" que já nao tem capacidade para amar. O escritor refere-se no poema ao gozo e dor, à vida e à morte e ao coração e à razão de determinante dor.

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