quarta-feira, 4 de maio de 2011


AS PALAVRAS INTERDITAS

Os navios existem, e existe o teu rosto
Encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destino flutuam nas cidades,
Partem no vento, regressam nos rios.

Na areia branca, onde o tempo começa,
Uma criança passa de costas para o mar.
Anoitece. Não há duvida, anoitece.
É preciso partir, é preciso ficar.

Os hospitais cobrem-se de cinza.
Ondas de sombra quebram nas esquinas.
Amo-e… E entram pela janela
As primeiras luzes das colinas.

As palavras que te envio são interditas
Até, meu amor, pelo halo das searas;
Se alguma regressasse, nem a reconhecia
O teu nome nas suas curvas claras.

Dóime esta água, este ar que se respira,
Dói-me esta solidao de pedra escura,
Estas maos nocturnas onde aperto
Os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
Cada homem tem apenas para dar
Um horizonte de cidades bombardeadas.
Eugéneo de Andrade, “Poemas de amor – Ines Pedrosa”

1 comentário:

  1. Neste poema o autor retrata a saudade de alguem que foi para o mar e que nao sabe quando hade voltar. Todo o amor que sente por ela é apenas escrito por cartas pois nao sabe quando volta e quando poderá voltar a dizer-lhe o quanto a ama, pois respira apenas solidao por nao poder estar com ela. A cada dia que passa ele continua apaixonado por ela e nao sabe quando chegará o dia que os voltará a unir.
    Na minha opiniao o poeta tenta retratar o amor de um marinheiro, por exemplo, ao embarcar e deixar a sua amada em terra.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.