quarta-feira, 18 de maio de 2011

INTRODUÇÃO


No ambito da disciplina de portugu|es, escolhi 5 poemas de poetas do seculo XX, dos quais: Fernando Pessoa, Almeida Garrett e Eugénio de Andrade.
O tema escolhido para os poemas foram o amor e os seus sentimentos.
O modo como reuni estes poemas foi em torno de um tema ja indicado anteriormente. Tentei transmitir tamb]em alguma informa;\ao sobre os autores e o que tentariam dizer.
Espero que tenha dado uma interpretaçao aos poemas, do que o autor queria transmitir. Espero que gostem tanto dos coment]arios aos poemas como dos poemas escolhidos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

INTRODUÇÃO
No ambito deste blog, escolhi 5 poetas do seculo XX, dos quais: Fernando Pessoa, Almeida Garrett e Eugénio de Andrade.
O tema escolhido para os poemas foram o amor e os seus sentimentos.
O modo como reuni estes poemas foi em torno de um tema ja indicado anteriormente.
Espero que tenha dado uma interpretaçao aos poemas, do que o autor queria transmitir.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

FERNÃO DE MAGALHÃES

No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.

De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingar o materno vulto -
Cingi-lo, dos homens, o primeiro -,
Na praia ao longe por fim sepulto.

Dançam, nem sabem que alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.

Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.
                                                                     
V  Mensagem, de Fernando Pessoa

AS PALAVRAS INTERDITAS

Os navios existem, e existe o teu rosto
Encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destino flutuam nas cidades,
Partem no vento, regressam nos rios.

Na areia branca, onde o tempo começa,
Uma criança passa de costas para o mar.
Anoitece. Não há duvida, anoitece.
É preciso partir, é preciso ficar.

Os hospitais cobrem-se de cinza.
Ondas de sombra quebram nas esquinas.
Amo-e… E entram pela janela
As primeiras luzes das colinas.

As palavras que te envio são interditas
Até, meu amor, pelo halo das searas;
Se alguma regressasse, nem a reconhecia
O teu nome nas suas curvas claras.

Dóime esta água, este ar que se respira,
Dói-me esta solidao de pedra escura,
Estas maos nocturnas onde aperto
Os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
Cada homem tem apenas para dar
Um horizonte de cidades bombardeadas.
Eugéneo de Andrade, “Poemas de amor – Ines Pedrosa”
GOZO E DOR

 Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche oo teu amor?
-não, ai, não! Falta-me a vida,
Secumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.

Doi-me a alma, sim, e a tristeza
Vaga, inerte, e sem motivo,
No coraçao me poisou.
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.

É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coraçao.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida ou a razao.
Almeida Garrett, “Poemas de amor – Ines Pedrosa”
Como se cada beijo
Fora de despedida,
Minha Cloé, beijemo-mos, amando.
Talvez que já nos toque
No ombro a mao, que chama
À barca que não vem se não vazia;
E que no meu feixe
Ata o que mútuos fomos
E a alheia soma universal da vida.



“Odeos de Ricardo Reis”, Fernando Pessoa
 Fiquei loco, fiquei tonto,
Meus beijos foram sem conto,
Apertei-a para mim,
Enlacei-a nos meus braços,
Embrieguie-me de abraços,
Fiquei loco e foi assim.

Dá-me beijos, dá-me tantos
Que enleado em teus encantos,
Preso nos braços teus,
Eu não sinta a propria vida
Nem minha alma, ave perdida
No azul-amor dos teus céus.

Boquinha dos meus amores,
Lindinha como as flores,
Minha boneca que tem
Bracinhos para enlaçar-me
E tantos beijos p’ra dar-me
Quantos eu lhe dou tambem.

Botao de rosa menina,
Carinhosa, pequenina,
Corpinho de tentaçao,
Vem morar na minha vida,
Da em ti terna guarida
Ao meu pobre coraçao.

Não descanso, não projecto
Nada certo e sempre inquieto
Quando te não vejo, amor,
Por te beijar e não beijo,
Por não me encher o desejo
Mesmo o meu beijo maior.

Ai que tortura, que fogo,
Se estou perto d’ela é logo
Uma névoa em meu olhar,
Uma nuvem em minha alma,
Perdida de toda a calma,
E eu sem a poder achar.
“Cartas de amor”, Fernando Pessoa