No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.
De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingar o materno vulto -
Cingi-lo, dos homens, o primeiro -,
Na praia ao longe por fim sepulto.
Dançam, nem sabem que alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.
Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.
V Mensagem, de Fernando Pessoa
O autor do poema neste caso fala-nos de uma escuridao que vem para reinar, mesmo que ainda ninguem tenha dado por ela. A morte de determina-do homem fez com que fosse sepultado ali mesmo, fazendo com que o seu espirito nao ficasse contente e lhes trouxesse a escoridao, pois ele continua a comandar mesmo nao estanto presente, querendo vingar-se. O poeta neste poema da uma sensaçao de angustia, pois nunca saberemos o que virá depois da morte.
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